Uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro do FĆ­gado (Ibrafig) ao Datafolha mostrou que 55% dos brasileiros com mais de 18 anos de idade consomem bebidas alcoĆ³licas, sendo que 32%, ou seja, um em cada trĆŖs indivĆ­duos, consomem semanalmente. Desses, 44% consomem mais de trĆŖs doses por dia ou ocasiĆ£o e nesse grupo 11% consomem acima de dez doses por dia. A dose padrĆ£o Ć  qual a pesquisa se refere Ć© a de 14 g de Ć”lcool puro, o que corresponde a 45 ml de destilado, ou 150 ml de vinho ou a uma lata de cerveja.

Realizado em setembro, o levantamento revelou ainda que entre aqueles que afirmam consumir de uma a duas doses de Ć”lcool por dia ou ocasiĆ£o, as mulheres (42%) consomem mais do que homens (32%) e mais do que a mĆ©dia nacional (37%), assim como pessoas acima de 60 anos de idade (52%). Segundo a pesquisa, Ć  medida que aumenta o consumo por dia, diminui a faixa etĆ”ria, sendo de 10% e 12% entre pessoas de 18 a 59 anos de idade, contra 5% entre os maiores de 60 anos de idade.

Entre os brasileiros que consomem trĆŖs ou mais doses de bebida por vez, 44% sĆ£o homens, percentual que sobe para 49% entre os homens nas classes AB. A maioria dos entrevistados acredita que o consumo frequente de Ć”lcool lidera o ranking de causa tanto do cĆ¢ncer de fĆ­gado quanto da cirrose, mas a maioria (56%) negligencia sua saĆŗde quando afirma nunca ter feito exame para avaliar dano do fĆ­gado relacionado ao consumo de Ć”lcool.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do FĆ­gado, Paulo Bittencourt, nĆ£o existe limite de seguranƧa para o consumo, jĆ” que a sensibilidade ao Ć”lcool Ć© individual. Entretanto, de modo geral, para pessoas sem doenƧa hepĆ”tica, o consumo moderado, que Ć© de 14 doses para homens por semana, ou sete doses para mulheres por semana, pode ser considerado seguro. Para aqueles que tĆŖm algum tipo de doenƧa ou gordura no fĆ­gado o indicado Ć© nĆ£o consumir.

“Mesmo aquelas pessoas que bebem apenas aos finais de semana, conhecidos como bebedores sociais, tĆŖm risco duas vezes maior de cirrose, quando seguem o padrĆ£o de consumo caracterizado pela OMS [OrganizaĆ§Ć£o Mundial da SaĆŗde] como bebedor pesado episĆ³dico (BPE), isto Ć©, mais de quatro e cinco doses de Ć”lcool por ocasiĆ£o, respectivamente para mulheres e homens”, diz o instituto.

Segundo o instituto, apesar dos riscos, a maioria das pessoas que consome bebidas alcoĆ³licas nĆ£o desenvolverĆ” cirrose e cĆ¢ncer de fĆ­gado, porque para isso, alĆ©m do uso abusivo do Ć”lcool existe susceptibilidade individual, fatores genĆ©ticos e ambientais, tais como doenƧa hepĆ”tica subjacente, obesidade e diabetes que aumentam o risco de dano hepĆ”tico pelo Ć”lcool.

Paulo Bittencourt alertou ainda para o fato de que o excesso de consumo de bebida alcoĆ³lica, ou a popularmente conhecida como ressaca, nĆ£o pode ser contrabalanƧado com chĆ”s, produtos rotulados como detox ou medicamentos chamados hepatoprotetores, porque essas medicaƧƵes nĆ£o oferecem proteĆ§Ć£o ao fĆ­gado contra os efeitos nocivos do Ć”lcool.

“A recomendaĆ§Ć£o Ć© pelo consumo moderado e consciente, dentro dos padrƵes considerados como mais seguros, para quem nĆ£o tem doenƧa hepĆ”tica. Entretanto, para quem passou ocasionalmente do limite, Ć© importante compensar o uso abusivo com abstinĆŖncia de Ć”lcool nos dias subsequentes, beber bastante lĆ­quido e se alimentar de forma adequada. O uso de analgĆ©sicos pode potencializar seus efeitos hepatotĆ³xicos associado ao uso de Ć”lcool”, explicou o especialista.

Para diagnosticar a saĆŗde do fĆ­gado, o recomendado Ć© que sejam feitos exames de avaliaĆ§Ć£o de enzimas hepĆ”ticas (sangue) disponĆ­veis nas redes pĆŗblica e privada em todos os indivĆ­duos que faƧam consumo abusivo de Ć”lcool, mesmo aqueles com padrĆ£o de bebedor pesado episĆ³dico. 

Para saber mais sobre o assunto, acompanhe @tudosobrefigado nas redes sociais ou pelo site da Ibrafig.

Fonte: Agencia Brasil