AgĂȘncia Nacional de Energia ElĂ©trica (Aneel) estima que as contas de luz terĂŁo uma alta de 21,04% em 2022, nĂșmero que considera uma mĂ©dia nacional de reajuste. Caso confirmado, o reajuste se soma a uma sĂ©rie de aumentos jĂĄ vistos neste ano por conta da crise hĂ­drica, que deixou o paĂ­s sob ameaça de apagĂŁo e racionamento de eletricidade.

As contas de luz são reajustadas anualmente e variam conforme a distribuidora de energia. A principal causa do aumento apontado pela Aneel estå nas medidas tomadas pelo governo para garantir o abastecimento de energia elétrica.

O governo acionou todo o parque de usinas termelétricas do país, um tipo de geração mais cara. Além disso, realizou um programa para reduzir o consumo de energia nos horårios de pico, conta que acaba caindo sobre o consumidor.

“Nesse contexto, nossas estimativas apontam para um cenĂĄrio de impacto tarifĂĄrio mĂ©dio em 2022 da ordem de 21,04%, quando avaliado todo o universo de custos das distribuidoras e incluĂ­dos esses impactos das medidas para enfrentamento da crise hĂ­drica”, diz um memorando da Aneel ao qual o GLOBO teve acesso e que foi assinado no dia 5 de novembro pela GestĂŁo TarifĂĄria da agĂȘncia.

De acordo com dados do IBGE, a energia elétrica residencial jå acumula uma alta de 19,13% neste ano.

Como o GLOBO jĂĄ mostrou, o governo prepara um socorro de atĂ© R$ 15 bilhĂ”es para aliviar o caixa das distribuidoras de energia elĂ©trica e evitar um “tarifaço” nas contas de luz em 2022 — ano de eleiçÔes presidenciais — causado pela alta dos combustĂ­veis como o gĂĄs natural e o diesel.

Embora a conta não chegue para o consumidor no próximo ano, o movimento articulado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) vai representar um aumento na fatura nos anos seguintes.

A pedido do governo, o BNDES estå sondando bancos para montar um novo empréstimo para distribuidoras de energia arcarem com os custos mais altos da geração de eletricidade.

De acordo com o memorando da Aneel, as melhores estimativas da SuperintendĂȘncia de Regulação dos Serviços da Geração, com base em dados do Operador Nacional do Sistema ElĂ©trico (ONS) e da CĂąmara de Comercialização de Energia ElĂ©trica (CCEE) apontam para um dĂ©ficit de custo acumulado atĂ© abril de 2022, da ordem de RS 13 bilhĂ”es.

Essa conta é gerada pela geração de energia por termelétricas e jå considera a arrecadação da bandeira tarifåria patamar escassez hídrica, criada em setembro por conta da crise. Essa bandeira representa um custo de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Apenas esse déficit de custo frente à cobertura tarifåria distribuidoras implica em um impacto tarifårio médio de aproximadamente 6,37%.

O restante da conta estĂĄ ligado a realização de um processo “simplificado” para contratação de termelĂ©tricas, o dĂłlar alto e o IGPM que ainda reajusta alguns contratos.
Para tentar mitigar essa conta, o governo busca medidas, além o empréstimo para as distribuidoras.

Entre as medidas, estå a devolução aos consumidores de créditos tributårios gerados por decisÔes judiciais que excluem o ICMS da base de cålculo do PIS/Cofins na conta de luz e a redução do serviço da dívida de Itaipu, prevista para se iniciar em 2022.
Outra forma de reduzir as tarifas é a privatização da Eletrobras, com a qual o governo espera injetar R$ 5 bilhÔes nas contas de luz em 2022.

Fonte: AgĂȘncia Brasil