A Agência Nacional de Águas (Ana) divulgou nesta segunda-feira (18) um levantamento sobre os investimentos necessários para o abastecimento urbano de água em todo o Brasil. Na Paraíba, o “Atlas Águas – Segurança Hídrica do Abastecimento Urbano” identificou que são necessários R$ 2,39 bilhões em investimentos até 2035 para universalizar o abastecimento de água.

O valor representa 5,3% de todo o investimento necessário para o Nordeste, sendo R$ 1,99 bilhão em produção de água (83,45%) e R$ 395,2 milhões em distribuição (16,55%).

A justificativa para o investimento é o fato de 73% das sedes municipais do estado terem sido classificadas com média ou baixa segurança. A porcentagem, segundo e terceiro nível mais crítico do Índice de Segurança Hídrica Urbano (ISH-U), respectivamente, representa 79% da população do estado. Outros 4% da população do estado está atualmente no nível Mínimo do índice, considerado o nível mais crítico.

Procurada pelo g1, a Secretaria de de Infraestrutura, dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente da Paraíba informou que vai analisar o levantamento para as devidas providências.

A maioria dos municípios paraibanos é operada pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a qual atende 199 sedes, abastecendo 89% do total das sedes urbanas do estado e a uma população de 3,1 milhões de habitantes. As demais sedes são operadas por serviços autônomos.

Dentre as infraestruturas em produção de água recomendadas, pode-se destacar a implantação do Sistema Adutor Transparaíba (Ramal Cariri). O levantamento recomenda também nova captação e adutoras no Sistema Adutor Transparaíba (Ramal Curimataú), do Sistema Adutor Pajeú (2ª Fase da 2ª Etapa) e do Ramal do Piancó.

Crise hídrica no Brejo

Além das regiões onde as infraestruturas recomendadas pela Agência Nacional de Águas estão localizadas, o Brejo paraibano enfrenta crise hídrica por falta de chuvas.

A barragem Canafístula II, em Borborema, que abastece municípios da região como Solânea e Bananeiras, entrou em colapso e não tem mais capacidade para abastecer a região com água nas torneiras. Segundo a Cagepa, Bananeiras, Solânea, Cacimba de Dentro, Araruna, Riachão, Damião, Tacima e Dona Inês estão sem fornecimento de água pelas torneiras por tempo indeterminado.

Com o colapso no abastecimento na região, diversos problemas foram acarretados por conta da falta d’água. Moradores de Solânea e Bananeiras, as cidades mais afetadas com o colapso, precisam se deslocar de suas casas para conseguir água ou até mesmo recorrer à compra d’água por meio de vendedores em carros pipa.

A barragem Canafístula II tem capacidade para 4.102.626,00 m³ de armazenamento de água em seu reservatório, mas, atualmente, só tem 1,45% armazenado, o que equivale a 59,650 m³, de acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).

A Cagepa comunicou, numa ação imediata, que a população das cidades atingidas não receberá mais contas de água enquanto não for restabelecido o fornecimento. É uma medida que vale por tempo indeterminado, até a resolução da falta de abastecimento nas torneiras.

O governo do Estado comunicou que irá dispor de algumas medidas para o enfrentamento da falta de água na região. Dentre elas, a construção de uma adutora que irá interligar o sistema hídrico para aproveitar as águas da transposição do Rio São Francisco, partindo de Campina Grande até a região do Brejo, por intermédio da barragem de Camará, que fica situada entre os municípios de Alagoa Nova e Areia. O projeto está em andamento.

Fonte: G1